Da minha janela…
À beira da rua,
Fico horas sem fim,
A ver quem passa.
Ali vem um cigano.
Cabelos desgrenhados,
Casaco às avessas,
Fumando uma passa.
Olha para o chão.
Que lhe vai na cabeça.
De bom não será.
Se cuidem as malas,
Tem fome de rato.
Ali vem o carteiro.
Repimpado na mota.
Em vez dum sacão,
Uma maleta de pele.
Não usa jaqueta.
Não usa boné.
Toca a buzina,
Á frente da porta.
Arranja o cabelo.
Se mira ao espelho,
Todo janota.
De carro e vassoura,
O cantoneiro da câmara.
Vai limpando os papéis
E as cascas de fruta.
Só passa uma vez.
Sauda quem passa.
Trabalho humilde
Nos torna felizes.
Depois o padeiro.
Canasta de vime.
Tapada da chuva.
Quando abre o tampão,
O cheirinho de pão
Me vem pelo ar.
Só falta a manteiga.
Que suave manjar!…
Na dobra da esquina,
Se ouve um cantar.
É a vendeira do peixe,
Fresquinho da lota.
Que ricas sardinhas,
Farão meu almoço.
Um cavalheiro de óculos,
Chapéu na cabeça.
Me dirige uma vénia.
Com um sorriso fingido.
Que chegue lá abaixo.
Que será que ele vende?…
Coisa boa não é.
Abre o casaco.
Uma mão cheia de oiro.
Onde foi que o roubou.
Depois veio um padre
De capa e batina.
Em passadas tão brandas.
Me lança um sorriso.
Olhando para o céu.
Dá-me a bênção
Que vai a rezar.
Me recolho cá dentro
E fico a pensar.
É a festa da vida
Que é preciso amar.
Berlim, 13 de Julho de 2014
20h10m
Joaquim Luís Mendes Gomes
À beira da rua,
Fico horas sem fim,
A ver quem passa.
Ali vem um cigano.
Cabelos desgrenhados,
Casaco às avessas,
Fumando uma passa.
Olha para o chão.
Que lhe vai na cabeça.
De bom não será.
Se cuidem as malas,
Tem fome de rato.
Ali vem o carteiro.
Repimpado na mota.
Em vez dum sacão,
Uma maleta de pele.
Não usa jaqueta.
Não usa boné.
Toca a buzina,
Á frente da porta.
Arranja o cabelo.
Se mira ao espelho,
Todo janota.
De carro e vassoura,
O cantoneiro da câmara.
Vai limpando os papéis
E as cascas de fruta.
Só passa uma vez.
Sauda quem passa.
Trabalho humilde
Nos torna felizes.
Depois o padeiro.
Canasta de vime.
Tapada da chuva.
Quando abre o tampão,
O cheirinho de pão
Me vem pelo ar.
Só falta a manteiga.
Que suave manjar!…
Na dobra da esquina,
Se ouve um cantar.
É a vendeira do peixe,
Fresquinho da lota.
Que ricas sardinhas,
Farão meu almoço.
Um cavalheiro de óculos,
Chapéu na cabeça.
Me dirige uma vénia.
Com um sorriso fingido.
Que chegue lá abaixo.
Que será que ele vende?…
Coisa boa não é.
Abre o casaco.
Uma mão cheia de oiro.
Onde foi que o roubou.
Depois veio um padre
De capa e batina.
Em passadas tão brandas.
Me lança um sorriso.
Olhando para o céu.
Dá-me a bênção
Que vai a rezar.
Me recolho cá dentro
E fico a pensar.
É a festa da vida
Que é preciso amar.
Berlim, 13 de Julho de 2014
20h10m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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