quarta-feira, 2 de julho de 2014

hora das gaivotas...

Hora das gaivotas…

Levanto-me de madrugada,

Para chegar ao abrir da praça.

Logo à hora dos pescadores.

Ver encher os cabazes

Do peixinho fresco,

Que ainda cheira a mar.

Naquela hora de encher as bancas

E de ver as vendedeiras

Escreverem o preço,

Cada um na sua loisa.

Ouvir o saudar gritante

Das mulheres dos pescadores.

Saias compridas,

Todas ufanas,

E olhos vivos,

Por já terem os seus maridos,

Logo à hora do sol-pôr.

E dos freguezes,

Vieram de longe,

Carregarem as camionetas

E vê-los partir para as suas terras,

A tempo e horas do almoçar.

E aquela frenética vozearia,

Em regateio,

Com interesses antagónicos,

Quase se matam,

Dos que compram

E dos que vendem.

A fecharem em paz

O seu negócio.

Muito obrigado,

Um bom dia…

E até amanhã,

Se Deus quiser!...

E ver os gatos felizardos

Que ali acodem,

Das redondezas,

Vêm famintos

E tão nervosos,

Farejando as presas

Que sobram.

E das peixeiras frescalhonas,

Ancas largas,

Seios trementes,

De açafates à cabeça

De aventais tão luzidios,

Lá se irem, passo a passo,

Rua a rua,

A apregoarem as suas vendas…

Como vão felizes!

E o tilintar das chávenas

E copos de vidro

E das máquinas de café,

-Ó que cheirinho!

Dois bares, em cada lado,

A servirem pequenos almoços,

Sem mais mãos para medir.

É aquela festa brava,

Sempre alegre e matinal

Que nos vicia

E faz viver…

É a hora das gaivotas!

Berlim, 3 deJulho de 2014

6h39m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

 

 

 

 

 

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