quinta-feira, 31 de julho de 2014

uma tigela de sopa...

Uma tigela de sopa…
  • Pelas alminhas de quem lá tem!…



Exclamava o velho andrajoso.

Que vivia sózinho no mundo.

Tivera dez filhos.

Todos casados.

Espalhados no mundo.

Nunca mais se interessaram.

Vivendo das esmolas.

E das migalhas de pão.

Uma malga de caldo

Daqui e d’além.

Só tinha um saco.

Com o retrato da Mãe.

Que estava no céu.

Com ela falava.

A todas horas.

Sentia-se menino.

Como quando nasceu.

Vivia rezando.

Olhando para o céu.

Esperando a hora

De subir para lá.

Sorria para as crianças

Que iam para a escola.

Contava-lhes histórias

Que os prendiam a ele.

Num dia de frio,

Sem ter onde dormir,

Foi um mais atento

Que lhe valeu.

Levou-o para casa.

Falou dele a seus pais.

Arranjaram-lhe uma cama,

Junto à corte de gado.

Estava quentinho.

Aí ficou a dormir.

Durante o inverno.

Sentiu-se no céu.

Ao almoço e jantar,

Uma tigela de sopa.

Um naco de pão.

Lhe levava o menino.

Enquanto viveu.

Aquele menino até podia ser eu…

Mafra, 31 de Julho de 2014

2027m

Joaquim Luís Mendes Gomes


Sem comentários: