segunda-feira, 21 de julho de 2014

seara de vento...

Seara de vento…

Sigo na estrada,

Através duma seara de vento.

Oiço as cigarras, adejando,

Desasossegadas,

E as libelinhas negras.

Poisadas sobre as papoilas.

Esvoaçam baixinho as toutinegras.

Sobre as espigas baloiçantes.

Das nuvens albas, lá no alto,

Jorram rios de luz de prata.

Sobre a terra.

Caem bênçãos infinitas

De energias paralelas.

É o calor, nem mais nem menos.

E a força da gravidade

Que à terra-mãe nos amarra e prende.

É a suavidade da planície,

Um altar de vida,

Exposto ao sol.

É a serra ao fundo,

Muralha imensa,

Que nos doseia o vento

Que em mar de ondas,

Sacode o pólen,

Disseminando as cores.

É o mar ao lado,

Espelhando o céu

Que nos liga ao mundo.

E o tempo na sua voragem

Num comboio apressado,

Nos transporta à força,

Para o fim do mundo…

Mafra, 22 de Julho de 2014

6h49m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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