Fiz-me ao
largo...
Alheio às vagas,
Fiz-me ao mar.
Fui para o largo.
Sem artes,
Sem redes.
Desarmado.
Uma vontade louca
De me ver solto.
Olhar de longe a
terra,
E sua costa
extrema,
No silêncio.
Pacata e
submissa.
Ignorar as suas
guerras.
Suas arruaças.
Como das estrelas
Eu estou alheio.
Ver nela o nascer
do sol.
E se erguer para
um céu azul.
Quero afastar-me,
A perder de
vista.
Ficar só eu
E a vastidão do
mar,
Uma parcela do
infinito.
Vou começar de
novo,
Do lado de lá.
Ganhar raízes,
Noutro chão puro.
Onde não haja
ruas,
Mortas,
A fervilhar de
carros,
Nem torres ao
alto,
Só com janelas.
Colmeias vazias,
Estéreis,
Sem favos e sem
abelhas.
Onde a rainha
seja só
A natureza virgem,
Prenha de paz.
Quero viver na
terra,
De pé e nu,
Como vim ao mundo
E começar do
nada.
Ser pai Adão com
nova Eva...
Berlim, 1 de
Junho de 2014
6h52m
Joaquim Luís
Mendes Gomes