De Catió ao
Cachil...
( Na minha
canoa...)
Tomo minha canoa,
Dum tronco
apenas.
Vou serenamente,
De Catió ao
Cachil.
Rio Geba ou seu
afluente,
Já não lembro o
nome.
Agora posso olhar
Ambas as margens,
Sem espingarda
nas mãos.
Rio cinzento,
Sinuoso,
Ora tão largo,
Ora tão estreito.
Jacarés a dormir.
Há jagudis,
De asas tão
largas,
Poisados nas
árvores.
Parecem lacraus.
Onde metem o
bico,
Tudo se vai.
Só dá para fugir.
Há tanta lama,
Debaixo dos
ramos.
Fazem trincheira.
Ninguém se atreve
A pôr-lhe os pés.
Ao cabo dum dia,
Sempre a remar,
Chego esvaído
Ao cais do
Cachil.
Ele lá está,
Chão de palmeira.
Que estrada-avenida,
Sempre a subir.
Vou a caminho.
Pé-ante-pé.
Sobre os toros deitados.
Lembro o passado.
Vestido de tropa.
Olhos trementes.
O inimigo à
espreita.
Depois da
granada,
Para espantar
jacarés,
Lançava-nos ao
rio,
Ó que banhoca.
Parecia uma
praia,
Povoada de
peixes,
Que o estrondo
matou.
E aquele quartel,
Onde passei nove
meses,
Era um palácio
real,
Defendido com
todos os dentes.
Hoje é repasto de
rãs,
Cobras, serpentes.
Pedaços de vidas,
Tão jovem,
Que não mais voltarão.
Ali jazem para
sempre.
Porquê?...E para
quê!?...
Que fadário mais
triste!
Só dá para
chorar.
Ouvindo “serenata
de Schubert”
Berlim, 10 de
Maio de 2014
15h47m
Joaquim Luís
Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário