terça-feira, 13 de maio de 2014

reencontro...

Reencontro...

Caminhei anos a fio,
Por sendas longas,
No deserto.

Só via dunas de areias,
Cactos e, de vez em quando,
Um dromedário, com seu dono,
Solitário.

O sol ardia ao alto.
O vento soprando forte,
Fustigava meu rosto
Recoberto.

Meus olhos em chama,
Ardendo, como brasas,
Nas minhas órbitas.

Via água ao longe
E até ao perto,
Mas tudo falso.

Crescia em mim,
Como vaga de fundo,
Uma onda cortante,
De desespero.

Parecia enxergar a morte,
Mesmo perto...
O suor escorria.

Com muito esforço,
Consegui ultrapassar um morro.

E, do outro lado,
No vale ao fundo,
Corria um rio.
E havia verde
De arvoredo.

Foi um milagre.
Desci. Em êxtase.
Duvidando,
Seria verdade...

Uma brisa fresca
Me apareceu à frente,
Anunciando dias melhores.
Rejubilando,
Cheguei ao pé.

Entrei nas águas...
Reencontrei a vida
Que, em desespero fatal,
Me queria deixar.

Ouvindo o “bolero” de Ravel
Berlim, 13 de Maio de 2014
9h19m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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