Sermão da montanha…
Não subo à montanha,
Nem prego semões.
Não visto fardas.
Nem opas de igrejas.
Sem distintivos na minha lapela.
Não sirvo clubes
Nem nenhum partido.
Enchi o meu espírito
Com luzes nascidas
Nos alvores do Marão.
Com rocha,
Granito,
Cobertos de musgo,
Onde crescem as urzes,
Há lobos vadios
Que louvam a Deus.
Minha estrela é polar,
O cruzeiro do sul.
A lua de Agosto,
Em noite de breu.
O sol me ilumina e me aquece.
Me banho no mar.
Respiro a brisa
Em ondas de espunha.
Me visto com algas,
E durmo no chão.
Não tenho automóvel.
Nem sigo as estradas.
Sigo caminhos trilhados
Por feras ou rebanhos
Perdidos que só vivem ao ar.
Oiço as aves rapinas
Pairando nos ares,
Às voltas na vida,
Fazendo seu ninho,
Buscando seu pão.
Como carcaças silvestres.
Amoras das negras,
Que nascem maduras
No meio das silvas.
E cachos de uvas
Que nascem bravias
No meio das fragas.
Não servem para vinho.
Mas são como o mel.
Não ando descalço.
Trago sandálias de couro
E de pele.
Um manto de trapos,
Com um cinto apertado,
Me cobre e me tapa.
Não uso camisa.
Não ponho gravata,
De inverno e verão.
Meus cabelos
E barbas grisalhos,
Soltos ao vento,
Me pendem à frente
E ficam para trás.
Levo um cajado,
Por causa das feras.
Encho o cantil
Com água das rochas
Faço fogueiras,
Asso maçarocas de milho,
Sabem a pão.
Não tenho relógio
Nem conto o tempo.
Nem somo os dias e noites,
Que nascem e morrem
Sem mim,
Caídos do céu.
Minha alma sem penas,
Afastada do mundo,
Voa tão livre,
Com asas de sonho.
Meu corpo cansado,
Dormita,
Estendido no chão.
É assim que eu vivo
Não prego nem oiço sermões…
Ouvindo Bill Douglas
Bberlim, 25 de Maio de 2014
7h9m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Não subo à montanha,
Nem prego semões.
Não visto fardas.
Nem opas de igrejas.
Sem distintivos na minha lapela.
Não sirvo clubes
Nem nenhum partido.
Enchi o meu espírito
Com luzes nascidas
Nos alvores do Marão.
Com rocha,
Granito,
Cobertos de musgo,
Onde crescem as urzes,
Há lobos vadios
Que louvam a Deus.
Minha estrela é polar,
O cruzeiro do sul.
A lua de Agosto,
Em noite de breu.
O sol me ilumina e me aquece.
Me banho no mar.
Respiro a brisa
Em ondas de espunha.
Me visto com algas,
E durmo no chão.
Não tenho automóvel.
Nem sigo as estradas.
Sigo caminhos trilhados
Por feras ou rebanhos
Perdidos que só vivem ao ar.
Oiço as aves rapinas
Pairando nos ares,
Às voltas na vida,
Fazendo seu ninho,
Buscando seu pão.
Como carcaças silvestres.
Amoras das negras,
Que nascem maduras
No meio das silvas.
E cachos de uvas
Que nascem bravias
No meio das fragas.
Não servem para vinho.
Mas são como o mel.
Não ando descalço.
Trago sandálias de couro
E de pele.
Um manto de trapos,
Com um cinto apertado,
Me cobre e me tapa.
Não uso camisa.
Não ponho gravata,
De inverno e verão.
Meus cabelos
E barbas grisalhos,
Soltos ao vento,
Me pendem à frente
E ficam para trás.
Levo um cajado,
Por causa das feras.
Encho o cantil
Com água das rochas
Faço fogueiras,
Asso maçarocas de milho,
Sabem a pão.
Não tenho relógio
Nem conto o tempo.
Nem somo os dias e noites,
Que nascem e morrem
Sem mim,
Caídos do céu.
Minha alma sem penas,
Afastada do mundo,
Voa tão livre,
Com asas de sonho.
Meu corpo cansado,
Dormita,
Estendido no chão.
É assim que eu vivo
Não prego nem oiço sermões…
Ouvindo Bill Douglas
Bberlim, 25 de Maio de 2014
7h9m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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