Fábula das
formigas...
Quando era miúdo,
Me dividia total,
Entre o chão e o
ar.
Sentia a terra.
Seu cheiro.
De inverno.
Calor de verão.
Fumegando de pó.
Fazia cavernas.
Castelos de
pedras.
Assava batatas,
com casca.
Ó que delícia.
Apanhava cebolas,
Na hora nascente.
Era um naco.
Dava-lhe uns
golpes
Punha-lhe sal...
E ficava um rei.
Correndo pelo
chão,
Pequeninas,
corriam velozes.
Faziam carreiros.
Aos zigue-zagues.
Parando aqui e
ali,
Olhando para
trás,
Esperando a
parceira.
Seguiam para
longe,
Pareciam sem
destino.
Para elas eu era
um gigante.
Não me ligavam
nenhum.
Fiz-me como elas,
Pequenino,
Entrei no
cortejo.
Pus-me a
ouvi-las.
Pareciam caladas.
Mas nada.
Umas palradoras
sem fim.
Sempre a dar à
palheta.
Contavam anedotas.
Cantavam cantigas.
Faziam xaradas,
Com ditotes
agudos.
Eram amigas.
Falavam da vida.
Falavam de tudo.
Meti conversa com
uma.
Perguntei-lhe
donde era.
-
vim do estrangeiro.
Estou
a passar férias,
Com
minha família.
Já não
a via há muito.
Fui
para França,
Aprender
o francês.
Mas
conheci o sarkozzi,
Formigueiro
e urso...
Não
gostava de mim.
Matava-me
à fome.
Com
tanta limpeza.
Fugi
do palácio
E vim
a caminho...
Prefiro
esta terra tão livre,
Aos
altos baixos.
Por
baixo e por cima.
Em festa
constante.
Há trabalho
para todas,
Por
conta da mestra.
Ó que
feliz!...
- Mas
não te conheço daqui!...
Também
és sarkosi?...
Ouvindo as
Czardas de Monti
Berlim, 10 de
Maio de 2014
7h51m
Joaquim Luís
Mendes Gomes
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