O cangalheiro...
Se apresenta sempre,
O mais compungido.
Fato preto.
Gravata igual.
Se mostra afável.
Aproveitando a hora.
Carrega no preço,
Tudo incluído.
Trata dos papéis.
Junto do rei.
Dando baixa da carga
Que nunca mais vem.
Enche de flores.
Muitas fitas lilases.
Bouquets reluzentes,
Tinindo dinheiro.
Oferece a carreta
Com velas sem cor.
Franze o sobrolho,
Na urna que fez.
Depois vem a conta,
Sempre a dobrar.
Vive dos mortos
Que vão a enterrar.
Ofício tão estúpido,
Não dá para entender.
Se reduzissem a pó,
O cadáver sem vida.
Para a terra indiferente.
Um monte de carne,
Carregado de cal,
Para os vermes comerem.
Antes o fogo
E a cinza final...
Berlim, 8 de Maio de 2014
17h1m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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