quinta-feira, 29 de maio de 2014

quatro ramos cardiais



Quatro ramos cardeais...

Do meu tronco exposto ao sol,
Brotaram quatro ramos.
Me cobriram de muitos ramos,
Flores e frutos.
Fiquei à sombra.

Cada um a seu ponto cardeal.

O do norte, braços erguidos,
Muito alto,
Com pés na terra,
Olhos no céu,
Muito pujante,
Cheio de sonhos,
Não pára quieto.
Sempre a crescer.

Vive em pleno.
Tem ligações.
Para lá das nuvens.
Para além do Ártico.
Vive encantado.

Adora o polo branco
E sua aurora boreal...

O do leste
É cheio de fogo.
Ramificou-se em força.
De dois botões.
Cheios de cor.

Tão rutilantes.
Tão perfumados.
Vieram tardios.
Dão tanta esperança.
Brincam alegres.
Graças de Deus.

O do sul é esbelto
E esguio.
Raia de sol.

É verdejante.
Muito moreno.
Sempre escaldante.
Muito tenaz.

Atravessou o deserto.
O Equador.
Rumou ao Cabo.
Passou as tormentas.

Dá tantas flores
Cheias de fruto,

Ó que sabor!...
Não há tempestade,
Nem arruaça.
Que o faça parar.

O último nasceu tardio.

Muito seguro,
Bem preso ao tronco.
Muito calado.
Muito arguto.
Observador.
Tudo medita.


É metafísico.

É tão profundo.
Desvenda segredos,
Tão bem escondidos...
Do princípio do mundo.

Ninguém mais viu.
O futuro dirá
Onde irá chegar...

Berlim, 29 de Maio de 2014
20h44m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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