terça-feira, 5 de agosto de 2014

ao cair da tarde...

Ao cair da tarde...

Fui deitar-me à beira do rio.
Estendi a manta.
Fiquei absorto a olhar.
Ouvindo o marulhar da água.
As aves cansadas.
Juntando a família.
Para se irem deitar.

As árvores bailando,
Com o vibrar da brisa.
Ouvindo os galos.
Perdidos na aldeia.

Os sinos plangentes,
Cantando as trindades.
Os lavradores, camisas suadas,
Carregando as enxadas,
Com que cavaram o pão.

As noras tangidas pelos bois,
Rangendo os dentes.
Regando a terra.

O sol se deitando,
Com as asas partidas.
Soltando gemidos,
Esperando o luar.

As chaminés soltando volutas,
Enchendo as nuvens,
Com fumo saindo.

Benditas as horas
Duma tarde tão calma,
Que eu vivo deitado.
Sonhando e revendo.

Sossego minhas pernas,
Meus braços cansados.
Meu peito arfando,
Irradiando calor.
E fico pensando.
Como é bom
Viver numa aldeia,
Onde as horas são gotas
Dum rio correndo.

Tarde de sol...

Mafra, 5 de Agosto de 2014
20h28m

Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários: