debaixo duma pedra...
havia uma pedra angulosa,
cerca de minha casa.
sempre a vi ali.
inerte e morta.
passava sobre ela.
e até me sentava.
era só pedra.
um dia, levantei-a.
encontrei uma toca.
com meia dúzia de ovos.
fiquei intrigado.
de que seriam?
voltei a baixá-la
e fiquei à coca.
dias depois, ao nascer do dia,
o sol abria.
ali à volta,
uma meia dúzia de chascos,
muito novinhos,
se bamboleava,
cantarolando,
debicando o chão.
em grande festa.
alheio ao perigo.
um a um, peguei em todos.
fui guardá-los numa gaiola.
cuidei deles.
foram crescendo,
pareciam felizes,
batiam as asitas
queriam voar.
abri-lhes a porta.
levantaram voo.
sempre por perto.
a noite veio.
eles não.
no dia seguinte,
ao amanhecer,
fiquei à espera.
eis que da toca,
um a um, sairam
e ficaram voando,
por ali às voltas.
ao pé da gaiola.
abri-lhes a porta.
um a um, entraram.
comeram o que havia
e depois sairam...
nunca mais voltaram.
Mafra, 10 de Agosto de 2014
Tarde de sol
Joaquim Luís Mendes Gomes
havia uma pedra angulosa,
cerca de minha casa.
sempre a vi ali.
inerte e morta.
passava sobre ela.
e até me sentava.
era só pedra.
um dia, levantei-a.
encontrei uma toca.
com meia dúzia de ovos.
fiquei intrigado.
de que seriam?
voltei a baixá-la
e fiquei à coca.
dias depois, ao nascer do dia,
o sol abria.
ali à volta,
uma meia dúzia de chascos,
muito novinhos,
se bamboleava,
cantarolando,
debicando o chão.
em grande festa.
alheio ao perigo.
um a um, peguei em todos.
fui guardá-los numa gaiola.
cuidei deles.
foram crescendo,
pareciam felizes,
batiam as asitas
queriam voar.
abri-lhes a porta.
levantaram voo.
sempre por perto.
a noite veio.
eles não.
no dia seguinte,
ao amanhecer,
fiquei à espera.
eis que da toca,
um a um, sairam
e ficaram voando,
por ali às voltas.
ao pé da gaiola.
abri-lhes a porta.
um a um, entraram.
comeram o que havia
e depois sairam...
nunca mais voltaram.
Mafra, 10 de Agosto de 2014
Tarde de sol
Joaquim Luís Mendes Gomes
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