sábado, 23 de agosto de 2014

iano doirado

meu piano doirado

corri dum lado ao outro,
as teclas todas do meu piano.
procurando uma,
a mais infeliz.

todas me sorriam.
cada uma no seu próprio tom.
desci das mais agudas,
tenrinhos ramos
que enfeitam as copas,
duma árvore com porte.

fui saltitando,
um passarinho com medo
de cair ao chão.

me ajudavam atentas.
com ar contente.

fui descendo.
cada vez mais grosso.
cada vez mais forte.

passei o dó.
pulei ao si.
e fui ao lá.
que me levou ao sol.

peguei em mim,
abracei o mi.
havia tanto
que eu não via.

e vim ao ré.
estava chorando.
ao pé do dó...

perguntei porquê.
- por não ser preta
a sua cor!
era dourado...
sei lá porquê.

ouvindo Lang Lang no concerto piano nº 1 de Franz List

Mafra, 23 de Agosto de 2013
21h18m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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