segunda-feira, 11 de agosto de 2014

inquietações...

inquietações...


Oiço água a cair do céu,
Como se fosse chuva.
E não é.

Olho o chão
E os campos da frente
Ao perto e ao longe.
Está tudo seco.
Com pó.
Como se fosse
Um deserto e verão.

Fico perplexo.
Duvido de mim.
Há avaria cá dentro,
Da grossa,
Por certo.

Carrego nas pernas
Dou pontapés.
A ver se está tudo igual.
E está.

Abro a porta.
Saio à rua.
Sensação tão estranha.
Nem quente nem fria.
Não corre uma aragem.
Não se ouve um ruído.
Um chilreio de ave.
As pedras paradas.
Não há uma folha que mexa.

Minha pele arrepia.
Falta-me o ar.
Meu tronco arfa e arqueia.
Contorce.

Queria ver gente.
Ver vida a pulsar.
Um desacato até.

Não sirvo para nada
E este mundo também.
Se me sinto sózinho.

Parece a guerra
Ou a morte que vem.
Oxalá eu esteja a sonhar...

Mafra, 12 de Agosto de 2014
6h50m
amanhecer luminoso com nuvens correndo do mar
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários: