sábado, 16 de agosto de 2014

ondas de vento...

ondas de vento...

adormeço com as ondas do vento,
queme entram docemente,
pelas minhas janelas dentro.

fazem-me sonhar
com outros tempos
e os ventos em tempestade.

os que derrubavam os ramos tenros
e as árvores que os seguravam.

davam lenha.
um regalo caro
que saía grátis.
era só apanhá-los
em grandes braçadas.
ó que regalo vê-los arder secos,
sem deitarem fumo.

e daquelas noitadas quentes,
à volta da lareira,
em família doce.

o avô ao canto,
dormitando alegre
com tanta paz,
vinda dos céus.

aquelas histórias
contadas com tanto ânimo.
dos antepassados
que se foram embora.

tanta saudade ali ardia.
tanta paz caía em cinza
sem faúlhas de maledicência.

brilhavam os olhos.
no rosto dos pais.
e nós pequenos,
fazíamos jogos
do esconde-esconde,
naquele espaço,
um mundo inteiro.

agora o vento
é vendaval.
tudo esfarrapa.
sem escolher a quem.

leva as telhas.
destroi em cacos
os trastes dos pobres.
poupando os ricos.

algo vai mal,
neste mundo sem rosto
onde reina o mal...

Mafra, 16 de Agosto de 2014
19h19m
 ao cair da tarde com sol

Joaquim Luís Mendes Gomes

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