sexta-feira, 8 de agosto de 2014

camisa de flanela...

camisa de flanela...

Nao sei porquê.
Sinto-me fascinado
Pelas camisas de flanela.

Aquelas que os poveiros,
Pescadores de voz roufenha,
Usavam, quando me davam banho,
Pelas sete horas de cada manhã.

Eram em xadrês.
Um tecido espesso,
Parecia lã.

Aquele abraço quente,
Depois do mergulho,
Contra um peito possante,
A entregar-me à Mãe.

Aquela voz rouca
Que me consolava
Da pequenina maldade
Que me tinham feito,
Talvez sejam a razão
De gostar tanto delas.

Por me sentir o centro
Das atenções do mundo.
A quem, menino tenro,
A tremer gelado,
Mesmo sem ser poveiro,
Eu já queria tanto...

Do que me fui lembrar.
Nesta manhã de Agosto,
Daquele tempo tão lindo,
Em que íamos para a Póvoa,
Onde havia o mar!...


Mafra, 9 de Agosto de 2014
7h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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