domingo, 31 de agosto de 2014

da minha janela...

da minha janela...

desde manhã,
me apoio no parapeito
da minha janela, aberta.

fico à espreita.
e à espera.
tudo que mexa 
eu vejo, remexo e meço.

fico desperto.
meus olhos.
ouvidos
e sentidos escondidos.

melhor que radares.
de último grito.
seu servidor,
embora distante,
está sempre ligado
e atento.
como um farol.
sabe de tudo.
mais que a internet.
nada me cobra.

vejo as cores da natureza.
como elas se enlaçam,
fazendo figuras,
em movimento constante.

vejo as nuvens enormes,
que voam,
parecem dormir.
mudando de forma,
num pronto a servir.

e a bola de fogo
que vem lá do fundo,
uma fornalha esparzindo,
luz e calor, 
fogueira de amor,
um rio de lava benigna,
alimentando, 
sementeira de vida,
no chão e no ar.

oiço sonidos ocultos,
reais,
que passam correndo,
não sei donde vêm.
consolam-me a mente,
de música constante,
relaxam meus nervos
das cargas pesadas
que trago aos ombros.

e sinto, lá longe,
o cheiro do mar,
num baile sem fim,
baforadas frementes
das algas dançantes,
vestido comprido,
nos braços das ondas
que se espraiam na areia.

minha alma, mais leve,
fica orando e cantando,
voltada para a vida,
cheia de ânimo.
contando segundos e horas,
com outro sabor...

benditas janelas
que me ligam ao mundo
e me fazem viver...

ouvindo "sonata moonlight" de Beethoven, por Tiffany Poon

a noite, vestida de negro...

Mafra, 1 de Setembro de 2014
5h 47m
Joaquim Luís Mendes Gomes




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