quinta-feira, 28 de agosto de 2014

procissão da vertigem...

a procissão da vertigem...

começou à hora,
a passar duma para a outra margem.

tanto andor, alto, colorido.
tanta gente de opa,
de fato inteiro
e de gravata.

tanta irmandade,
cada uma sua bandeira.

tanto círio e vela acesa.
cada um e uma
a cada ídolo.

há incenso e pétalas no chão.
e muitas pinturas rupestres
de cada lado das paredes.

sobem foguetes.
com fragor.
só fumaça e cheiro a pólvora seca,
sem nenhum estrondo.

há pálios e coros lúgubres,
entoando hinos descoloridos.
até palhaços ali vão aos saltos,
trepando loucos
à procura das cadeiras.

e a fechar,
aqui vou eu,
e, garbosa e impante,
vai uma banda inteira
de pandeiretas...

ouvindo Mahler

amanhece a 6.ª feira, com ar cinzento

Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários: