quinta-feira, 11 de abril de 2013


O ninho das cegonhas…

 

Chegaram de longe,

Do Adriático, em bandos.

Planando no alto,

Incessantes,

De dia e de noite.

Por sobre os Alpes e os Pirinéus.

Os Montes Cantábricos.

Desceram sobre  a Galiza

E eis que, ao pôr do sol,

Arribaram, por fim,

À Ria de Aveiro.

 

Deram uma volta geral,

Para saciar as saudades.

Saudar os parentes.

Que não tinham voltado.

 

Depois, foi a escolha

Onde ficar a viver.

 

No campanário de Angeja,

Ainda havia um lugar.

Frente ao rio Vouga,

Voltado para o mar.

 

- É aqui que ficamos, combinou o casal-

Ainda em viagem de núpcias.

 

No cocuruto da torre,

Nem uma só palha.

Tudo por fazer.

 

A noite passou-se em descanso total.

 

Pela manhãzinha,

Depois do primeiro mergulho de caça,

Com êxito,

Começou a faina do ninho.  

 

Pelas margens da ria,

Abundam paradas,

Carradas de lenha,

Que o inverno serrou.

 

Foi só carregar.

Um pau, cada vez…

Em roda incessante.

 

Primeiro a base.

Ampla e bem firme,

Em sítio abrigado.

E, pedra por pedra,

As mestras obreiras,

Sem escola arquitectas,

Ergueram em forma,

Seu palácio real.

Com as medidas precisas

Para as crias vindouras

Que sonharam criar…

 

Só depois, o descanso.

As lides caseiras. Diárias.

Como manda o programa

Que seu destino traçou.

 

Largos voos alados,

De caça e de pesca,

De recreio e de festa,

Em cada natal.

 

Os primeiros ensaios de voo

Na hora da escola,

Para cada filho que vem,

Como ensinaram os pais.

 

Só depois de criados,

Chegará a hora de outro regresso,

Aos mares adriáticos,

Com parentes à espera…

 

Ovar, 11 de Abril de 2013

15h22m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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