segunda-feira, 8 de abril de 2013


Pela Ria de Ovar

 

Saíu-me barata

Uma passeata breve,

À beira da Ria.

 

Saí de Ovar, rumo à Torreira.

Só eu, meu carro e o céu.

 

Meu peito vazio encheu

De brisa fresquinha,

Cheirava a marisco,

Com laivos de sol.

 

Muitas estrelinhas

Sorriam na face das águas.

 

Havia barquinhos,

Como brinquedos,

Faluas à vela

E havia gamelas com pescado à venda,

Na beira da estrada.

 

Havia corridas a sério,

Com camisolas garridas,

Pedalando arfantes.

 

Havia passadas de gente feliz,

Em cortejos de vida, nas bermas,

Caminheiros sadios

Que saboreiam a vida

E não querem morrer.

 

Pescadores solitários,

De cana na mão.

Atentos ao isco.

Puxar e guardar…

 

Transpus a Varela, elegante.

 

Num instante,

Mergulhei num mundo diferente,

Pleno de paz.

Com vacas leiteiras,

Pastando, serenas,

Odres de leite,

Luzindo ao sol.

 

Até as varinas gaiteiras,

De cesto à cabeça,

Sorriam caladas,

Exalando tão fresca alegria!...

 

Regressei saciado…

Do passeio que dei.

 

Ouvindo Eduard  Grieg em Concerto para piano

 

Ovar, 8 de Abril de 2013

17h46m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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