Parecia o fim do
mundo…
Abro meus olhos
embaciados, ao acordar.
Vou à janela.
Só vejo nevoeiro
branco,
Como baforada do
mar
A arder em labareda.
Não oiço pássaros
Nem sequer
gaivotas.
Como sempre.
Só o marulhar das
ondas
Em rebentação
gritante.
Estou atónito.
Não se vê viv’alma
a passar na rua.
Estão cerradas as
portas e janelas
Das casas em meu
redor.
Parece que todo
ser vivo fugiu daqui,
Em silenciosa debandada.
Acossado por
piratas.
E eu aqui só…
Como um perdido
no deserto.
Que me valem
tantas estantes
A abarrotar de
livros e revistas. Mudos.
Minha aparelhagem
stéreo,
Último grito da
tecnologia…
As resmas de
discos vinil,
Que acabaram por
ser sempre os mesmos….
E as de papel de
máquina
Para neles derramar
meus versos…
E minhas lendas
fantasmagóricas…
Que ninguém lê…
Sem tv nem telemóvel…
Meu frigorífico
vai aquecer,
Com falta da corrente
eléctrica.
E, vai fora
grande parte da comida
Que lá tenho
dentro.
Sinto medo de
sair à rua.
Nada mexe.
Não há carros nem
ambulâncias.
Ainda ontem,
Tudo, à volta,
Remexia em
alvoroço.
Bastou uma noite …
E parece que cheguei
ao fim do mundo…
Corro a abrir a
minha Bíblia, à sorte…
…………………………………………………….
Sai-me o Salmo 27
de David.
Salmos 27
[Salmo de Davi] O SENHOR é a minha
luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de
quem me recearei?
Quando os malvados, meus adversários
e meus inimigos, se chegaram contra mim, para comerem as minhas carnes,
tropeçaram e caíram.
Ainda que um exército me cercasse, o
meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisto
confiaria.
Uma coisa pedi ao SENHOR, e a
buscarei: que possa morar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para
contemplar a formosura do SENHOR, e inquirir no seu templo.
Porque no dia da adversidade me
esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; por-me-ás
sobre uma rocha.
Também agora a minha cabeça será
exaltada sobre os meus inimigos que estão em redor de mim; por isso oferecerei
sacrifício de júbilo no seu tabernáculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao
SENHOR.
Ouve, SENHOR, a minha voz quando
clamo; tem também piedade de mim, e responde-me.
Quando tu disseste: Buscai o meu
rosto; o meu coração disse a ti: O teu rosto, SENHOR, buscarei.
Não escondas de mim a tua face, não
rejeites ao teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me
desampares, ó Deus da minha salvação.
Porque, quando meu pai e minha mãe
me desampararem, o SENHOR me recolherá.
Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e
guia-me pela vereda direita, por causa dos meus inimigos.
Não me entregues à vontade dos meus
adversários; pois se levantaram falsas testemunhas contra mim, e os que
respiram crueldade.
Pereceria sem dúvida, se não cresse
que veria a bondade do SENHOR na terra dos viventes.
Espera no SENHOR, anima-te, e ele
fortalecerá o teu coração; espera, pois, no SENHOR.
…………………………………………………………
Começo a ler…ansiosamente…
Lentamente,
Versículo a
versículo…
Comecei a ficar
Cada vez mais
tranquilo
E em Paz…
Mafra, 4 de Abril
de 2013
7h46m
Joaquim Luís M.
Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário