sábado, 27 de abril de 2013


…Regressei da Guiné

 

Dei comigo voando em sonho.

Numa terra distante.

Verde, cheia de rios, correndo.

Havia palmeiras e arcos de terras.

Encharcadas de água, fazendo arroz.

 

Cantavam aves de porte gigante.

E feras escondidas, de olhos em brasa.

Ouviagemidos de casas,

Chorando soluços.

Fogueiras a arder, debaixo da lua.

De festa ou de luto.

Alguém importante,

Morria ou se ia casar.

 

Batiam tambores

Em batuques sem fim.

Anúncio de guerra,

Ou correio de novas

Que se queriam ao longe levar.

 

E sobas imponentes,

De cabelos grisalhos.

E vestes compridas.

Julgando irmãos.

Pelas leis do costume,

Sem favores a ninguém.

Havia também mercados em festa,

Carregados de cores.

Mulheres de açafates à cabeça,

E meninos às costas.

Jovens sadios,

Com arcos e flechas,

Fazendo de índios, vadios,

Jogando às guerras,

Como se fossem reais.  

 

Acordei, a chegar …

Ó que pena e saudade!…

Do chão da Guiné.

 

Mafra, 27 de Abril de 2013

19h29m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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