Algemas da madrugada...
Saí cedo, de manhazinha,
Depois uma noite negra e seca
De insónia,
Soltei minhas algemas
E pus-me em marcha.
Olhos acesos
E braços bem abertos.
Para abraçar a vida
Sob qualquer forma extrema
Que me viesse à mão.
Aves do céu.
Vermes da terra.
Qualquer folhinha morta
Ou tenrinho ramo.
Tudo me servia
Para me matar a sede
E me confortar do mal.
Logo numa encosta verde,
Achei um rebanho,
Com seu guarda à espreita.
Dei-lhe o meu bom dia
E uma chuva terna
Se desprendeu do rosto
Tisnado e puro.
Que me inundou a alma.
Foi tal o enlevo.
Tudo eu esqueci...
E, de novo, um radioso sol
Me aqueceu de esperança
E me fez sorrir.
E pôs a cantar.
Estes versos quentes
Que aqui e agora
Vos quero dar.
Mafra, 30 de Outubro de 2013
21h25m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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