quinta-feira, 10 de outubro de 2013

girândolas de sons em brasa...

Girândolas de som...

Irrompem luminosas,
Céu acima,
Com a vertigem alucinante
De quem se liberta
Do peso inerte desta terra,
As primeiras notas secas
Do piano em brasa
Que eu não domino.

Sigo atrás.
Sobre o seu rasto em chama,
Divisando ao longe,
A infinitude luminosa
Dum universo oculto
Que se escancara ardente.

Sinto frémitos em mim,
Em estertor de parto.
Chovem raios exasperados,
Por todos os lados,
Em labaredas.

Retinem toques agudos
De multidões aflitas
Em naufrágio iminente.

Há pedidos lancinantes de socorro,
D’almas perdidas.

Confuso,
Quase em desvario extremo,
Já não sei se estou na terra
Ou se passei para além...

E, num misto,
Indefinível,
De gozo e dor,
Quase anseio regressar depressa
À pacatez da terra.


Ouvindo Rachmaninov, em concerto º 3

Mafra, 11 de Outubro de 2013
7h2m

Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários: