terça-feira, 8 de outubro de 2013

rescaldos ocultos...

Rescaldos ocultos...

Fugia de mim...
A quem eu mais estimo...
Como o diabo,
Dizem,
Foge da cruz.

Carregava fantasmas,
Negros e incomodativos,
Vinham lá de longe,
E me oprimiam.

Se aproveitaram
Da minha infância e juventude.
Tenras.
Fizeram arraial de tendas
Como ciganos vis.

Nada respeitaram.
Sanguessugas.
Tudo avassalaram.

O entusiasmo secou,
Com tantas garras.
Tantas nuvens de fumo
Me toldaram o céu.

Procurava o sol
E só via negrume.

Queria voar
E não conseguia
Com tanto peso,
Nas minhas asas.

Tanto empecilho...basso.
Tanto preconceito, estéril.
Derramado em mim,
Quando eu crescia.

Tanta crença falsa.
E receios vãos.

Tanta mentira,
Como ervas daninha,
Me sugaram a vida...

Abutres famintos,
Com asas de anjos.

Foi preciso um ciclone de força.
Um fim do mundo,
Para me desamarrar
E voltar a ser
Quem sou,
Por graça divina.
Agora, eu voo...

Mafra, 8 de outubro de 2013
15h21m
Joaquim Luís Mendes Gomes




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