quinta-feira, 31 de outubro de 2013

euromilhões...

O euromilhões...

Com um euromilhões gordo,
Eu compraria tudo
O que não tenho.
O que me faz falta
 E o que não faz.

Umpalacete de vidro,
Com piscina
E court de ténis.

Daria uma festa de arromba.
Com champanhe
E vinho bem.

Chamaria uma grande orquestra,
A noite seria bela.

No fim, ficaria só
E os meus milhões.

Nunca mais pregaria olho
A vigiar aquele baú.
Contrataria a segurança.
E sempre alerta,
D’ouvidos atentos,
Tremeria de pavor,
Se ouvisse um rato,
A correr no sótão.
Convencido de que era um ladrão.

Encheria o meu jardim
De cães ferozes...
Ergueria um muro de pedra,
A toda a volta,
Fechar-me-ia sempre em casa,
Escolheria bem os meus criados.
E, ao mais pequeno sinal,
Correria com eles,
Duma só vez.

E, no fim de tudo, quando morrer,
Porque a morte,
Ninguém a troca,
Desceria na cova funda,
Vestido de cetim rendado,
Quilogramas de ouro,
Mas de corpo gelado,
E olhos fechados,
Sem os saber abrir.

Mais vale assim.
Ter só o que tenho
E viver em paz...
Não há euromilhões que a dê...

Mafra, 31 de Outubro de 2013
19h22m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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