Primeiro de Maio
Ao clarear do
dia...
Sento-me na minha
varanda.
Confortavelmente.
Como um camarote
de luxo.
Duma sala real,
Dum palácio
encantado,
E fico à espera
Que comece o
espectáculo.
Que cenário de
sonho,
O Dono da sala,
Montou para
nós!...
Um cortinado
colossal
De verde pendente.
Cerca as paredes.
Se ouvem pardais.
Chilreando anúncios.
De paz e de
festa.
Frementes, em
bandos,
Passam
imponentes,
Meus amigos, os
corvos.
Sopra no ar,
Uma brisa suave.
Me agita os
cabelos,
Me adoça os
ouvidos.
E faz bailar graciosos,
Os raminhos mais
tenros,
Das copas das
árvores.
Olhando ao alto,
Vejo um céu cada
vez mais claro.
E não faltará
muito,
O cortejo dos
raios de sol,
Começa a descer,
Na alameda mais
vasta,
E elegante,
Traço dum Mestre,
Com os riscos mais
certos,
Que meus olhos já
viram.
Minha alma
vibrante
Incandesce exaltada...
Que espectáculo,
Tão belo e tão lindo
De luz e de cor
Neste primeiro de
Maio!...
Ouvindo Hélène
Grimaud tocando Bach
Berlim, 1 de Maio
de 2014
6h54m
Joaquim Luís
Mendes Gomes