terça-feira, 15 de abril de 2014

Às vezes...

Às vezes, apetece partir...
Não voltar a voltar

Pegar nas malas. 
Pôr-se a caminho.

Sem rumo marcado.
Ao sabor da sorte.

Novas paragens.
Novas paisagens de gente,
E de terra arada ou não.

Ver horizontes, com linhas diferentes.
De serras e vales.

Beber outras águas,
De fontes da terra.

Cavalgar em selas de couro,
Ou carroças muares.

Banhar-me em rios,
Com ramagens pendentes,
Povoados de passaredo ignoto,

Que corram para o mar.

Levantar-me de noite
E ver um luar,
Duma lua bailante,
Com vestido e ramagens
Nimbadas de cor.

Ver arcos-íris,
Que atravessem o céu,
Com cores às avessas.

Que tragam a chuva
Em torrente,
Na hora certa,
Como convém.

Bordejar mares,
Carregados de espuma
E também de sargaço,
Em ondas constantes.

Com respeito das gentes,
Que o visitam
Em barcos e redes,
Carregados de pesca.

Erguer uma tenda
Na encosta dum monte,
Onde corra um ribeiro,

Onde eu molhe meus pés,
Doridos de andar.

Me embale de noite,
Com água a correr...

Ouvindo Hélène Grimaud, em Chopin, balada nº 1
Mafra, 16 de Abril de 2014
6h26m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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