sábado, 19 de abril de 2014

sete momentos...

Sete momentos...

Me deslumbram as estrelas do céu,
Numa noite luarenta do mês de Agosto.

Me emociona o olhar triste
Dum rosto cansado de esperar.
Como um sorriso de quem passa.

Me consola ver flores derramadas
Por essas encostas fora,
Onde nunca entrou a enxada nem o arado.

E aqueles painéis
De  sol e chuva,
Pintados só
Com as tintas do arco-íris.

Corro ligeiro
Ao lado das águas do rio
Que fluem sem ninguém a puxar por elas.

Oiço enfeitiçado a chilreada alegre
Que brinca à solta,
A mistura com o relinchar dos cavalos,
Meus vizinhos da frente.

E do tinir grave e agudo ao despique
Que me chegam do convento de Mafra.

Regresso a casa
Com minha alma cheia
De aqui voltar
No dia seguinte.

Café-restaurante – os sete momentos, em Mafra,
15 de Março de 2014
9h40m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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Manhã de Sábado. Sem sol.
O céu está coalhado de leite e cal.
Correm  lentas estas horas mortas.
Há conversas confusas por essas mesas
E chilreada alegre de crianças.
Oiço o secador das mãos
Na casa de banho,
Em vez do silêncio albo
Das toalhas lavadas.
Tilintam chávenas brancas
Atrás do balcão,
Nas mãos mexidas
Dos empregados.

Já cá não estão
Os velhos donos
Que nos enchiam de sorrisos,
À chegada e à partida.

Alugaram a casa
Mas tudo continua na mesma.

Mafra, 19 de Abril de 2014
10h35m
Joaquim  Luís Mendes Gomes


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