Nevoeiro sem sol...
Um nevoeiro, sem
sol,
Caíu de repente.
Nesta manhã a
nascer.
Tudo toldou.
Olho as flores e
o céu
Só sinto o
perfume
E calor.
Não lhes vejo as
cores.
Estou mesmo à
beirinha do mar.
Como em noite de
breu.
Sei que é azul,
Não lhe vejo as
ondas,
Só sinto o
perfume do iodo
E oiço o silvo
Do vento a
soprar.
Queria voar,
Desaparecer para
as alturas,
Romper esta
cortina tão espessa.
Que me tapa o sol
E me sepulta na
noite,
Sem luz nem luar.
Caminho, de
braços abertos,
Tacteando o chão.
Só esbarro em
muros,
Agrestes,
Sem musgo,
Invadidos de
silvas
Que não me deixam
seguir.
Cansado, me sento
no chão.
Rendido à minha
pobreza.
Fico à espera,
Nem que seja,
Por esmola,
Duma réstea de
sol
Que me volte a
acender,
De fogo e de luz.
Mafra, de Abril
de 2014
7h45m
Joaquim Luís
Mendes Gomes
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