terça-feira, 15 de abril de 2014

nevoeiro sem sol...

         Nevoeiro sem sol...


Um nevoeiro, sem sol,
Caíu de repente.
Nesta manhã a nascer.
Tudo toldou.

Olho as flores e o céu
Só sinto o perfume
E calor.
Não lhes vejo as cores.

Estou mesmo à beirinha do mar.
Como em noite de breu.
Sei que é azul,
Não lhe vejo as ondas,
Só sinto o perfume do iodo
E  oiço o silvo
Do vento a soprar.

Queria voar,
Desaparecer para as alturas,
Romper esta cortina tão espessa.
Que me tapa o sol
E me sepulta na noite,
Sem luz nem luar.
Caminho, de braços abertos,
Tacteando o chão.
Só esbarro em muros,
Agrestes,
Sem musgo,
Invadidos de silvas
Que não me deixam seguir.

Cansado, me sento no chão.
Rendido à minha pobreza.
Fico à espera,
Nem que seja,
Por esmola,
Duma réstea de sol
Que me volte a acender,
De fogo e de luz.

Mafra, de Abril de 2014
7h45m
Joaquim Luís Mendes Gomes


                                                                                                                                                                                                      

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