Não fui soldado
raso....
Podia tê-lo sido.
Não seria
desonra.
Por sorte, mero
destino, não.
Fui um dos muitos
Que lá andou.
De arma em punho...
Pertenço ao grupo
Dos que voltaram.
Sorte. Destino.
Salvo e são...
Muitos, iguais a
mim,
Lá deixaram a
vida,
Na mocidade...
Como um rio a
correr,
A vida marcha.
Vertiginosa.
Parece lenta.
Inexoravelmente,
Corre, dia a dia,
Gota a gota.
E, nela marcho,
Agora,
Soldado raso,
Sem qualquer
espingarda.
Ando na luta.
Com a minha
força.
Inimigos não
faltam.
Não vêm de fora.
Por todo o lado.
Estão cá dentro.
Andam ocultos.
Não vestem farda.
Não usam arma.
Mandam atacar.
São dos perigosos.
Muito ardilosos.
Andam opacos.
Vestem jaquetas.
Põem gravata,
Uns caras de anjo.
Gozam palácios.
Não vivem na
tenda...
São generais.
De quatro
estrelas.
Vivem à farta.
Ao pé do sol!...
À custa de
quem?...
Dum grande
exército,
Cada vez maior
De soldados
rasos!...
Desarmados....o
que é pior.
Ouvindo Hélène
Grimaud
Mafra, 14 de
Abril de 2014
6h22m
Joaquim Luís
Mendes Gomes
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