quinta-feira, 10 de abril de 2014

noite longa, carregada e densa...

Noite longa, carregada e densa...

Esta que chega ao fim.
Em vez de sono suave e doce,
Uma nuvem negra.
De chuva agreste.
Fustigou minha alma,
Deixou-a exangue.

Um vento frio,
Gumes cortantes,
A encheu de gelo.
De bater o dente.

Nenhuma manta,
Por mais grossa e justa,
Calafetou a chama que,
Bem dentro ardia.

Que porto morto,
Onde aportei meu barco.
Só o negrume cerrado
Nem uma só ondinha breve
Mo fazia dançar.

Quero zarpar logo,
Ao raiar do dia.
Fazer-me ao largo,
Rumo ao sul.

Sentir o vento suão
Nas minhas velas ao alto.
Agarrar o leme,
Pelo mar azul.

Olhar ao longe
E contemplar a costa,
Uma manta verde,
Estendida ao sol.
Salpicos de casas,
Com telhados rubros,
Campanários brancos,
Apontando ao céu.

Quero regressar a casa,
Meu castelo amurado,
Aos meus aposentos,
Onde tenho os livros,
O meu periquito azul.
Como canta bem!
Ouvir a minha música
Que me eleva ao céu...

Vila da Feira, 11 de Abril de 2014
6h40m
Joaquim Luís Mendes Gomes





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