sexta-feira, 7 de junho de 2013


A cem por um...

 

Saio para a rua desarmado.

Por fora.

Por dentro,

Levo um colete reforçado,

à prova de toda a bala.

Não é de aço ou bronze.

Ou outro metal inerte

Que a ferrugem traça.

 

Minha carapaça é só a força

Que me vem de dentro.

É telúrica. Astronómica.

Intemporal.

 

Minhas amarras ainda estão presas,

Não nas margens, baixas,

Que as águas desfazem,

Se o mau tempo vem,

 

Mas à rocha firme,

Um castelo de pedra,

Que me serviu de base

E ponto de partida.

 

Aí, sim. Havia cabos de aço.

Nos prendiam à terra

E chegavam ao céu.

 

Tudo era verdadeiro

E límpido.

 

Não havia jaças.

Tudo era de graça.

 

Como a chuva ou o vento,

Que abrem caminho,

Preparam o terreno

Onde a semente nasce,

A seguir o fruto,

A cem por um.

 

Ouvindo André Rieu

 

Ovar, 8 de Junho de 2013

7h46m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes

 

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