A cem por um...
Saio para a rua desarmado.
Por fora.
Por dentro,
Levo um colete reforçado,
à prova de toda a bala.
Não é de aço ou bronze.
Ou outro metal inerte
Que a ferrugem traça.
Minha carapaça é só a força
Que me vem de dentro.
É telúrica. Astronómica.
Intemporal.
Minhas amarras ainda estão presas,
Não nas margens, baixas,
Que as águas desfazem,
Se o mau tempo vem,
Mas à rocha firme,
Um castelo de pedra,
Que me serviu de base
E ponto de partida.
Aí, sim. Havia cabos de aço.
Nos prendiam à terra
E chegavam ao céu.
Tudo era verdadeiro
E límpido.
Não havia jaças.
Tudo era de graça.
Como a chuva ou o vento,
Que abrem caminho,
Preparam o terreno
Onde a semente nasce,
A seguir o fruto,
A cem por um.
Ouvindo André Rieu
Ovar, 8 de Junho de 2013
7h46m
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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