O meu canivete novo...
Teria uns sete anos.
Era de tarde.
Fazia calor.
Meu pai pai mandou-me à vila
Comprar botões.
Era alfaiate.
Todo o caminho,
Fui a sonhar...
O que eu faria,
Se tivesse um canivete!...
Ao sair da loja,
Encontrei no chão,
Num lencinho velho,
Muito embrulhadas,
Um ror de moedas pequenas.
Olhei em redor.
Não havia gente
A quem perguntar...
Davam de sobra
Para o que tanto eu queria.
Tinha-os visto,
Uma fartura deles,
Na vitrina do “Lago”...
A casa das ferragens,
Também de piões,
Ao pé da esquina.
Todo o caminho corri...
Surpreendi meu pai.
- Já foste?...
Sorri e fui a correr à mata.
Naquela tarde,
ninguém mais me ouviu.
Com cascas largas ,
De pinheiro bravo,
Com o canivete novo,
Que era só meu,
Fiz p’raí uma dúzia de barcos
Para ver navegar no tanque...
Ouvindo Grieg...
Ovar, 9 de Junho de 2013
18h16m
Joaquim Luís Monteiro
Mendes Gomes
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