domingo, 9 de junho de 2013


O meu canivete novo...

 

Teria uns sete anos.

Era de tarde.

Fazia calor.

Meu pai pai mandou-me à vila

Comprar botões.

Era alfaiate.

 

Todo o caminho,

Fui a sonhar...

O que eu faria,

Se tivesse um canivete!...

 

Ao sair da loja,

Encontrei no chão,

Num lencinho velho,

Muito embrulhadas,

Um ror de moedas pequenas.

 

Olhei em redor.

Não havia gente

A quem perguntar...

 

Davam de sobra

Para o que tanto eu queria.

Tinha-os visto,

Uma fartura deles,

Na vitrina do “Lago”...

A casa das ferragens,

Também de piões,

Ao pé da esquina.

 

Todo o caminho corri...

Surpreendi meu pai.

 

- Já foste?...

 

Sorri e fui a correr à mata.

 

Naquela tarde,

ninguém mais me ouviu.

 

Com cascas largas ,

De pinheiro bravo,

Com o canivete novo,

Que era só meu,

Fiz p’raí uma dúzia de barcos

Para ver navegar no tanque...

 

 

Ouvindo Grieg...

 

Ovar, 9 de Junho de 2013

18h16m

Joaquim Luís  Monteiro Mendes Gomes

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