segunda-feira, 17 de junho de 2013


ENVELHECER…



 

 

 

Dei por mim,

Calvo,

E uns restos de cabelo, branco;

Uma vontade cansada de lutar,

Por sonhos sempre a fugir,

Em suplício de Tântalo;

 

Um corpo,

Enfraquecido da força

Que o puxava,

Jovem e incessante;

 

Um amor,

Manchado de nuvens

De desilusão;

 

Frutos caídos,

Num chão de folhas

Engelhadas

E prontas a apodrecer;

 

Árvores do meu tempo,

Vão caindo, uma a uma,

Em redor,

Ramagens

Nuas e desfolhadas,

Sem chilreios,

 

 

 

 

 

 

Na mesma  terra,

Donde despontaram,

Tenrinhas,

Naquela primavera,

Recente

Que nos enchia, a todos,

De esperança;

 

A chuva e o vento

Já não cantam

Sinfonias de natais

Ou  raiar das primaveras;

 

Só esta vontade de escrever

É lareira a arder,

De saudade, sonho e fuga

Por um universo, infinito,

De liberdade.

 

 

 

 

Almada, 1 de Fevereiro de 2001

14h e 53m

Joaquim Luís Mendes  Gomes

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