Odisseia dum rio
Debaixo duma rocha,
perdida no alto dum monte,
brota uma fonte pura
de água que corre incessante.
Desce a encosta,
riscando no chão
o caminho que segue.
Como é natural.
Em meandros suaves.
Depois, saltando abrupta,
sem medo, de escarpas,
quando a terra traquina
lhe falta à frente.
Espuma de raiva e alegre,
quando bate no chão.
Afunda e alastra-se
em lagos que enche.
Parecendo um mar.
E, à frente, rompe e avança,
caminha, de novo,
por campos, regados de verde,
banhando, contente quem passa.
Atravessa e abraça aldeias de gente,
ligadas por pontes.
Alimenta incessante, com força,
as pás dos moinhos,
que geram farinha de graça.
Em se sentindo cansada,
se estende e alarga,
formando amplos açudes,
com areia de praia,
e sombra de ramos com folhas.
Regalo das gentes,
nas tardes de sol.
E, assim, aquele fio tremente,
de água, nascente,
segue e avança,
correndo,
aparentemente sem rumo,
mas sabendo bem onde vai...
Mafra, 20 de Junho de 2013
7h39m
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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