domingo, 9 de junho de 2013


Meu castanheiro velho

 

Ficou sem ramos a árvore,

ao fundo do meu quintal.

Não dá sombra,

Não dá fruto.

Nem as aves querem

Fazer lá seus ninhos,

Como era,

Quando eu nasci.

 

Foi nela que aprendi a trepar.

Para ver mais longe,

Via o Marão, via a Serrinha

E um mar de campos,

Cercados de montes,

Uma várzea de verde,

Até ao pé.

 

O baloiço preso aos ramos,

Meu avião sem asas,

Para eu voar.

 

Cobria-se de ouriços espinhosos.

Caíam ao chão

Com castanhas dentro.

Faziam tapete,

Tão saborosas,

Era só pegar.

 

Com lascas de lousas

E barro ao sol,

Erguia uma fornalha,

Enchia-a de pinhas,

Pegava-lhe fogo...

Era um fartote de graça

De castanhas assadas.

 

Ouvindo Grieg

 

Ovar, 9 de Junho de 2013

17h32m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes

 

 

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