A minha bicicleta...
Minha bicicleta branca,
De mudanças de cubo,
Era uma flecha lestra
Que me pegava
e levava ao vento.
De Varziela à Longra,
Sem uma pedalada.
Com uma só condição,
De a trazer para casa,
Antes do sol posto.
Tinha medo da noite
E das estrelas
Que brilhavam no céu.
Quando via a lua,
Era cá uma festa...
De fazer chorar.
Ponha-se a dormir,
Encostada à porta.
E sorridente,
Ao nascer do sol,
Queria voltar comigo,
Queria ir à vila
Ver suas amigas
Que lhe queriam bem...
As que ficaram na vitrina,
À espera dum dono...
Estavam prisioneiras,
Que as fizesse livres.
Sem culpa formada,
Pagando pelos crimes,
Que nunca cometeram...
Havia tanta injustiça...
Eram só os ricos
Que as levavam por bem.
Na carteira dos pobres,
Não havia vintém...
Só usavam socas
E eram de pau...
O menino jesus as dava
A quem se portasse bem...
Mafra, 27 de Junho de 2013
Joaquim Luís Mendes Gomes
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