A vida não é um deserto...
Começa normalmente,
Num dia de festa,
Com toda a família
À nossa volta.
Será menino ou menina?...
Era um enigma.
-Seja o Deus quiser!
Quando o progresso ainda
Não dizia...
Depois, vem um pedaço,
Breve,
Em que o mundo é um paraíso.
Toda a atenção de todos,
Recai sobre nossa vida.
Tudo que balbuciamos
Ou fazemos,
Enche de graça
E de sorrisos,
Corações
Que até pareciam inertes.
A começar pelos avós!...
Já não são os pais que foram...
Até batiam!
Têm outros olhos.
E um coração a derreter,
Como o chocolate...
Agora, nem pensar, bater...
E vem a escola.
E a catequese.
Joga-se à bola.
E à patela.
Apanha-se ninhos.
Às escondidas,
Até numa sala,
Com tamanho encanto,
Como se fosse um labirinto...
Recebe-se prendas
E os melhores bocados
São só para a gente.
E quando no corpo tenro,
Começa a crepitar o fogo,
Dão-se beijinhos,
Dão-se abraços,
Mesmo escondidos,
Fazem estremecer,
Sabem a sonho.
E ao raiar da barba
Ou dos seios em flor,
Começa a raiar o sol,
Que nos desponta a chama.
De querer partir para fora
E de ser alguém.
Chovem as surpresas.
Dum mundo avesso...
Onde a lei, às vezes,
É a lei da selva,
Chovem as saudades.
Que fazem doer cá dentro.
Das doçuras passadas,
Que jamais se encontram,
Porque as levou o vento...
Ouvindo Carmen Monarca- Ó mio Bambino Caro
Mafra, 6 de Março de 2014
6h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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