segunda-feira, 31 de março de 2014

suspenso....



Suspenso...

Parado. Quedo.
Não desço e não avanço.
Não me mexo.
Não estremeço.
Neste mar de cinza.

Que um cometa luminoso
Atravesse vertiginoso
Este meu céu.

Me dê de novo as estrelas.
E o brilho dos meus olhos.
Quero voltar a sentir a cor
Da vida,
Em permanente movimento
E mutação.

Nada me enche este vazio.

Insatisfeito.
Com o que faço
E o que não fiz.
O que tenho
E nunca vem.
Nem sei bem do que preciso.
Nem quando acaba.

Não quero olhar para trás.
Quero seguir ...

Esta sombra persistente
Que se mete adiante,
E me tolda de escuridão.

Nasci para ter certezas.
Tudo é vago e incerto.

Quando me vejo
À beirinha de chegar,
Nunca abraço
O que desejo.

Sinto fome e sede.
Com vinho e pão
Ao meu dispor.

Estou suspenso.
É assim que agora me sinto.
Sinto-me frio com calor...

Ouvindo Chopin, Mozart e...a partir do you tube
Mafra, 31 de Março de 2014
7h45m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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