domingo, 2 de março de 2014

do meu cancelo para fora...

Do cancelo para fora...

Abro o cancelo de minha casa.
Vou para a rua.
Sigo à deriva,
Sem rumo traçado.
Entro na vila.
Onde mora um convento real.

Tantas janelas e portas.
Uma igreja altaneira.
Zimbórios reais.

Tanta sineira de bronze escondida.
Se se lhe pegam as cordas.
Se põem a cantar.

Parecem galos, galinhas,
Acordando do sono.
Depois duma noitada de amor.
Ninguém os consegue calar.

Có-có-có!...Ki-ki-ri-ki!...
Cantam tão bem...tão afinados...
Sabem cantigas
De arrepiar.

Há-os trovões.
Há-as gaiteiras.
Todas em uníssono,
Fazem chorar!...
Coros d’El-Rei!

Plangem de festa,
Com tanta alegria.
Cantam as horas...
Ave-Marias!...
Soltam baladas.
Se ouvem no mar.
E os cardumes em bando,
Saem das ondas
E ficam a ouvir.
Não querem voltar!...

Sonatas de sonho,
Cantatas de amor.
Chegam aos Anjos.
Fazem chorar!...

Bendito cancelo
Que dá para Mafra!

Mafra, 2 de Março de 2014

16h59m

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