Do cancelo para fora...
Abro o cancelo de minha casa.
Vou para a rua.
Sigo à deriva,
Sem rumo traçado.
Entro na vila.
Onde mora um convento real.
Tantas janelas e portas.
Uma igreja altaneira.
Zimbórios reais.
Tanta sineira de bronze escondida.
Se se lhe pegam as cordas.
Se põem a cantar.
Parecem galos, galinhas,
Acordando do sono.
Depois duma noitada de amor.
Ninguém os consegue calar.
Có-có-có!...Ki-ki-ri-ki!...
Cantam tão bem...tão afinados...
Sabem cantigas
De arrepiar.
Há-os trovões.
Há-as gaiteiras.
Todas em uníssono,
Fazem chorar!...
Coros d’El-Rei!
Plangem de festa,
Com tanta alegria.
Cantam as horas...
Ave-Marias!...
Soltam baladas.
Se ouvem no mar.
E os cardumes em bando,
Saem das ondas
E ficam a ouvir.
Não querem voltar!...
Sonatas de sonho,
Cantatas de amor.
Chegam aos Anjos.
Fazem chorar!...
Bendito cancelo
Que dá para Mafra!
Mafra, 2 de Março de 2014
16h59m
Sem comentários:
Enviar um comentário