terça-feira, 11 de março de 2014

pégo na manta...

Minha manta da tarde...

Pégo minha manta
e vou prá sombra do adro.

O chão de terra tem erva rapada
Habituada aos pés das gentes
Que vêm orar...
À Santa...

E depois por ali ficam
Conversando sobre o tempo
E sobre o campo,
Onde esperam colher o fruto.

São vizinhos.
Se conhecem todos
E toda a gente.
Como família.

Andaram na mesma escola e catequese.
Foram baptizados
Na mesma pia benta,
Toda de pedra,
Ao canto da porta.

O mesmo abade.
Pessoa grata,
Muito bondosa.
Irradia paz.
E muita bênção.

Se namoraram,
conforme a escolha.
E sua graça...

Sabem quem têm
Na sua cama.

Não contam os dias.
Só espreitam a lua.
Que tudo governa.

Desde as galinhas a pôr
Até às vacas prenhes.
E o leite, sabe a manteiga,
Como a neve ao sol.

Se dão prendas,
colhidas na horta
E nos jardins.

Enfeitam altares

Fazem-lhes tronos
A Nossa Senhora!...

Rezam Ave-Marias...
Três vezes ao dia.

Se saúdam e pedem a bênção,
A todos que passam...

Vamos com Deus!...

Aquilo, sim.
Era meu céu na terra!...

Ouvindo Smetana- Die Moldau

Mafra, 11 de Março de 2014
16h26m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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