Minha manta da tarde...
Pégo minha manta
e vou prá sombra do adro.
O chão de terra tem erva rapada
Habituada aos pés das gentes
Que vêm orar...
À Santa...
E depois por ali ficam
Conversando sobre o tempo
E sobre o campo,
Onde esperam colher o fruto.
São vizinhos.
Se conhecem todos
E toda a gente.
Como família.
Andaram na mesma escola e catequese.
Foram baptizados
Na mesma pia benta,
Toda de pedra,
Ao canto da porta.
O mesmo abade.
Pessoa grata,
Muito bondosa.
Irradia paz.
E muita bênção.
Se namoraram,
conforme a escolha.
E sua graça...
Sabem quem têm
Na sua cama.
Não contam os dias.
Só espreitam a lua.
Que tudo governa.
Desde as galinhas a pôr
Até às vacas prenhes.
E o leite, sabe a manteiga,
Como a neve ao sol.
Se dão prendas,
colhidas na horta
E nos jardins.
Enfeitam altares
Fazem-lhes tronos
A Nossa Senhora!...
Rezam Ave-Marias...
Três vezes ao dia.
Se saúdam e pedem a bênção,
A todos que passam...
Vamos com Deus!...
Aquilo, sim.
Era meu céu na terra!...
Ouvindo Smetana- Die Moldau
Mafra, 11 de Março de 2014
16h26m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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