domingo, 9 de março de 2014

venham mil dias de sol...

Venham mil dias de sol...

Venham mil dias de sol
E muitas frescas,
Com festas e romarias
Em todos os corações e lares.

Porque foram boas as colheitas,
De pão e vinho,
Houve fruta gorda e saborosa,
Deu para a casa e para vender.

Há medas de palha seca,
Feno em fardos,
Bem guardados,
Para o rigor de todo inverno.

Até o alambique, abundante, fumegou
Da mais pura aguardente,
Da que queima, sabe bem....
E não faz mal.

Sobra carne fresca do cevado
Que se matou...
Na salgadeira
Em madeira grossa de pinheiro...

Lei da sobrevivência...
às vezes tão desleal.

Todo o inverno,
Houve fumo de rama verde,
A defumar todo o fumeiro
De chouriças e salpicões,
Com as sobras das fêveras
Muito bem curadas
Em vinho e alho,
Pelos alguidares de barro,
Atrás das portas.

Até os cães andam às voltinhas
Em corridas quase cegas,
 Pelo quinteiro...
Tiveram rancho melhorado,
Com direito
A todos os ossos rubros de sangue,
Que sobraram!...

E os avózinhos, agora,
Já cansados da labuta eterna
Dos muitos filhos que criaram
Com tanto amor,
Dormitam ambos agarrados,
Tão ternamente,
Lado a lado,
Sobre o preguiceiro em tábuas negras,
Que eu sempre vi,
Desde a nascença,
À volta da lareira.

Na cozinha...

 Ouvindo Wagner e André Rieu...uma vez mais
Mafra, 10 de Março de 2014
5h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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