Venham mil dias de sol...
Venham mil dias de sol
E muitas frescas,
Com festas e romarias
Em todos os corações e lares.
Porque foram boas as colheitas,
De pão e vinho,
Houve fruta gorda e saborosa,
Deu para a casa e para vender.
Há medas de palha seca,
Feno em fardos,
Bem guardados,
Para o rigor de todo inverno.
Até o alambique, abundante, fumegou
Da mais pura aguardente,
Da que queima, sabe bem....
E não faz mal.
Sobra carne fresca do cevado
Que se matou...
Na salgadeira
Em madeira grossa de pinheiro...
Lei da sobrevivência...
às vezes tão desleal.
Todo o inverno,
Houve fumo de rama verde,
A defumar todo o fumeiro
De chouriças e salpicões,
Com as sobras das fêveras
Muito bem curadas
Em vinho e alho,
Pelos alguidares de barro,
Atrás das portas.
Até os cães andam às voltinhas
Em corridas quase cegas,
Pelo quinteiro...
Tiveram rancho melhorado,
Com direito
A todos os ossos rubros de sangue,
Que sobraram!...
E os avózinhos, agora,
Já cansados da labuta eterna
Dos muitos filhos que criaram
Com tanto amor,
Dormitam ambos agarrados,
Tão ternamente,
Lado a lado,
Sobre o preguiceiro em tábuas negras,
Que eu sempre vi,
Desde a nascença,
À volta da lareira.
Na cozinha...
Ouvindo Wagner e
André Rieu...uma vez mais
Mafra, 10 de Março de 2014
5h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes
.
Sem comentários:
Enviar um comentário