sexta-feira, 14 de março de 2014

feijoada à transmontana...

Feijoada à transmontana...

Ontem fui a Algés.
Minha mulher foi almoçar com uma velha amiga,
Matar saudades,
pôr as contas em dia.

Eu fui a outro restaurante,
À esquina, na alameda das estátuas.,
Como quem toma o comboio,
O do costume.
Já lá não ia há muito.

Que grande festa,
Recebi dos dois empregados.
Sempre bem aprumados.
Alegria do coração,
Brilhava nos olhos.
Sem réstea de dúvidas.
E eu eu também.

O tempo vai passando
E a vida com eles.

Aquela sala ao fundo,
Tem muitas histórias....
Findo o almoço,
Passei à sala da frente
Que é mais café.
Aí vem gente que vai passando.

Na mesinha ao lado
Sentou-se uma mulher.
Mulata de cor.
Como uns quarenta e tais.
Cararita de fome.

Veio o empregado.
- Uma sopinha, se faz favor!

Num instante veio,
Ressumando a legumes.
Noutro se ficou a ver o fundo
Ao prato.

Fui vendo,
Com o rabo do olho.
Com que satisfação
Ela a comeu!...

Tirou duma carteirinha preta,
Umas moedas,
 pagou, saíu a porta
E foi à vida.
Minutos a seguir.
Chegou uma jovem
De olhos brilhantes,
Quase de vidro.
Sentou-se à mesma mesa.

Frente à janela.

- uma sopinha!---se fafaz favor
Exclamou para o empregado,
Solícito e o mesmo savoir-servir!...

A cara do dono
Que girava intra-balcão
Chispava insatisfação...
Habituado aos velhos tempos
Que não foram há muito...
Sala cheia, sempre a rodar...


A moça comeu...
Com a mesma voragem.
Pagou e se foi também,
Mais sorridente!...

Tudo eu vi...
Quase chorei.
Ai, meu pobre País,
Minha Lisboa nobre!
Como tu estás tão pobre!...

Ouvindo do melhor de Sibellius, no youtube

Mafra, 14 de Março de 20148h 23m

Joaquim Luís Mendes Gomes 

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