segunda-feira, 24 de março de 2014

nas margens dum rio...

Nas margens do rio...

Abeirei-me das margens do rio
E pus-me a ver a água a passar.

Havia folhas caídas boiando.
Pedaços de ramos.
Seguindo, em derivas seguidas,
Dum lado para o outro,
Pareciam-se beijando.
Abraçados à sorte
Da morte que os fez desprender
Das árvores sombrias,
Sem sol.

Como famílias sem pão
Para dar aos filhos criados,
Na esperança de vida
Com sol...promessas
Da mãe-natureza.
Umas vezes é mãe.
Outras carrasco!..
Quem me diz o porquê?

Ali vai um cortejo
Sem leme, entregue à sorte,
Seu destino morrer.
Brilharam à luz.
Dançaram ao vento,
Contentes.
Sonhando uma vida imortal.

Presos ao tronco
Grosso e valente.
Abastado de porte.

Bastou uma lufafada mais forte,
Para se partir o raminho,
E aí vieram aos tombos,
Sem ninguém lhes valer.

Tão tristes eles vão.
Fazem chorar.
Adubo serão,
No seio da terra.
Outras sementes virão
Que precisam de pão
Para poderem crescer.

Árvores de fruto.
Caules de milho.
Searas com grão.
Em espigas doiradas
Que secas na eira,
Voltarão a dar pão,
Matando a fome
De quem mora à beira do rio
E precisa comer...

Ouvindo uma Valsa Triste de Sibellius

Mafra, 24 de Março de 2014
15h50m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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