quinta-feira, 14 de novembro de 2013

absurdo...

Cem milhares de dias...
Ou cem milhões de passos...
Que absurdo!

Quando nasci, achei no meu berço
Uma cartinha lacrada
Que dizia:
-“ abrir só aos vinte anos”

Toda a família, primeiro
E depois eu,
Cumprimos rigorosamente,
Aquela ordem estranha.

Cresci feliz, mas preocupado,
Roidinho de curiosidade.
Fiz a escola.
A universidade.
Com todo o empenho,
Me preparei para a vida.

Quando chegou o dia,
Surgiu o primeiro problema.
Havia quem dissesse 
Que no primeiro segundo
Em que fiz vinte anos
A deveria abrir.
Havia outros que só derradeiro
Daquele dia.
Pensei por mim. 
Era maior.
(Antes não fosse...)

Quase a tremer,
Desfiz o lacre.
Abri a o envelope.
E li:

“À tua frente, terás cem mil dias
Ou cem milhões de passos 
Para viveres em liberdade...
Depois..o fim...”

Fiquei gelado. 
Converti em anos
Aqueles dias...
Pus-me a pensar
No que renderiam os passos...
............................
E por aqui ando...
Tão travado,
Tão infeliz...
Cada dia contando os passos
Para que só me acabem 
Mesmo no fim...

Berlim, 14 de Novembro de 2013
17h35m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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