sábado, 23 de novembro de 2013

negra e só, nas terras d'África...

Negra e só nas terras d’África...

Tinha tranças pretas
Aquela moça morena
De olhos tristes.

Viu-o partir
Banhada em lágrimas.

Bendita a guerra que o fez chegar.
Durante dois anos,
Que feliz foi...

Um príncipe encantado,
Que se enamorou dela
E a fez sonhar.

Tantas noites belas,
Na tabanca em festa,
Mesmo de colmo,
Uma fogueira a arder,
Com batuque
Em chama.
À luz do luar.

No seu ventre de amor,
Nasceu –lhe um tesouro.
Seria moreno,
De olhos azuis.
Um rosto de cor,
Entre o branco e o negro.
Um botão a abrir,
Em primavera em flor.

Foi o fim da guerra
Que o fez partir.

Jurando promessas
De um dia voltar...

Cruel força do destino,
Tão fatal em os prender...
Como de cego em os separar!...

Que será feito dela
E do fruto do seu amor?..
.
Não há nada no mundo
Nem de dia,
Nem de noite,
Que os faça esquecer.

Ele, longe, no fim do mundo
E ela, negra,
Nas terras d’África...

Berlim, 22 3 de Novembro de 2013
15h2m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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