Poema d’oiro...e dor
Quero registar aqui, convosco,
Um dos mais lancinantes momentos
Que a vida me deu...
Estávamos nas vésperas
De vir para a Alemanha.
Fomos a Válega,
Jantar com filha e netos.
O Tomás e o João.
Dois e oito anos.
Uma alegria triste.
Dias depois, chegámos a Berlim.
Pela primeira vez,
Minha filha ligou o Skype.
Rica surpresa
À nossa chegada.
Era já noite.
No pequenino écran,
Apareceram risonas,
As caritas esfusiantes
Dos dois netos.
Em primeiro plano,
A carita matreira do mais velho.
A desbobinar perguntas...
Atrás e ao lado,
Com muito esforço,
Uma carita de anjo,
Cabelitos loiros,
Encaracolados.
Muito preocupado.
Queria ver a avó Ana...
As macacadas
Que ele não fez...
A tal ponto,
Que o mais velho,
Saíu com o computador,
A correr para a cozinha...
Sem se importar com o irmão.
Um dia epois,
De manhãzinha,
O telefone tocou.
Era a filha...
-
Ó Mãe! O Tomás morreu!...
Tinha ido para a creche
E não mais voltou...
Um tumor no cérebro...
O derrubou...
Ninguém o detectara...
Berlim, 17 de Novembro de 2013
21h5m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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