domingo, 17 de novembro de 2013

poema d'oiro e dor...

Poema d’oiro...e dor

Quero registar aqui, convosco,
Um dos mais lancinantes momentos
Que a vida me deu...

Estávamos nas vésperas
De vir para a Alemanha.
Fomos a Válega,
Jantar com filha e netos.
O Tomás e o João.
Dois e oito anos.

Uma alegria triste.
Dias depois, chegámos a Berlim.

Pela primeira vez,
Minha filha ligou o Skype.
Rica surpresa
À nossa chegada.
Era já noite.

No pequenino écran,
Apareceram risonas,
As caritas esfusiantes
Dos dois netos.

Em primeiro plano,
A carita matreira do mais velho.
A desbobinar perguntas...
Atrás e ao lado,
Com muito esforço,
Uma carita de anjo,
Cabelitos loiros,
Encaracolados.
Muito preocupado.
Queria ver a avó Ana...

As macacadas
Que ele não fez...
A tal ponto,
Que o mais velho,
Saíu com o computador,
A correr para a cozinha...
Sem se importar com o irmão.

Um dia epois,
De manhãzinha,
O telefone tocou.
Era a filha...
-
Ó Mãe! O Tomás morreu!...


Tinha ido para a creche
E não mais voltou...
Um tumor no cérebro...
O derrubou...
Ninguém o detectara...

Berlim, 17 de Novembro de 2013
21h5m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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