Se calhar, vai cair neve...
Está tudo a postos.
O chão estiolado,
Estendido ao comprido,
Sem cor.
As árvores ao ar,
De braços abertos rezando,
Despidas das folhas.
As folhas mortas,
Jazidas na terra
Juntam-se aos montes,
Nas bermas da estrada.
Como quem espera a carrada.
Os telhados tristonhos,
De abas caídas,
Vêem-se sozinhos,
Sem pombas, nem andorinhas
Aos pares.
E os caminhos estragados
Pelos golpes da chuva,
Sangram de dor.
Esperando algodão que os sare.
Parece a hora da morte.
Que tudo acabou.
O céu anda cansado e tristonho,
Saudoso de luz.
Meus netos, já irrequietos,
Impacientes,
Se voltaram para mim:
- Avô! Quanto é que vem a neve
Para a gente brincar?...
Porque sou homem de palavra e de fé,
Com firmeza lhes digo:
- Tenham mais um pouco de paciência!...
O Menino Jesus está quase a chegar...
Ouvindo Hélène Grimaud,
Berlim, 24 de Novembro de 2013
7h53
Joaquim Luís Mendes Gomes
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