sábado, 23 de novembro de 2013

vai haver neve a cair...

Se calhar, vai cair neve...

Está tudo a postos.
O chão estiolado,
Estendido ao comprido,
Sem cor.

As árvores ao ar,
De braços abertos rezando,
Despidas das folhas.

As folhas mortas,
Jazidas na terra
Juntam-se aos montes,
Nas bermas da estrada.
Como quem espera a carrada.

Os telhados  tristonhos,
De abas caídas,
Vêem-se sozinhos,
Sem pombas, nem andorinhas
Aos pares.

E os caminhos estragados
Pelos golpes da chuva,
Sangram de dor.
Esperando algodão que os sare.

Parece a hora da morte.
Que tudo acabou.

O céu anda cansado e tristonho,
Saudoso de luz.

Meus netos, já irrequietos,
Impacientes,
Se voltaram para mim:

- Avô! Quanto é que vem a neve
Para a gente brincar?...

Porque sou homem de palavra e de fé,
Com firmeza lhes digo:

- Tenham mais um pouco de paciência!...
O Menino Jesus está quase a chegar...

Ouvindo Hélène Grimaud,

Berlim, 24 de Novembro de 2013
7h53
Joaquim Luís Mendes Gomes


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